segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Nossos filhos...





Desde o dia em que tu nasceste, eu criei a ilusão dentro de mim, que poderia caminhar por ti. 
Imaginei que colocaria teus pés sobre os meus e te levaria pelos caminhos que eu julgasse mais tranquilos e seguros. 
Dessa maneira, tu nunca feririas teus pés pisando em espinhos ou em cacos de vidro e jamais te cansarias da caminhada. Nem mesmo precisarias decidir qual estrada tomar. Isso seria eternamente minha responsabilidade. 
E foi assim durante um bom tempo. Caminhei por ti e para ti. 
Então, o tempo veio me avisar bruscamente que essa deliciosa tarefa não faria mais parte dos meus dias. 
Teus pés cresceram e eu já não conseguia mais equilibrá-los em cima dos meus e, quando eu menos esperava, eles escorregaram e alcançaram o solo. 
Hoje sou obrigado a vê-los trilhar caminhos nos quais os meus jamais os levariam e ainda tento detê-los insistentemente, mas só consigo raríssimas vezes. 
Agora só me é permitido correr com os meus junto aos teus e, em certos momentos, teus passos são tão largos que quase não posso acompanhá-los. 
Atualmente assisto aos teus tropeços sempre pronto a levantar-te das tuas quedas. 
Por vezes, tu me estendes as mãos em busca de socorro. 
Outras, mesmo estando estirado ao chão e ferido, insistes em levantares sozinho para me provar que já és capaz de te erguer, após teus tombos e curares as próprias feridas. 
Assim vamos vivendo e sinto uma saudade imensurável daquele tempo que precisavas de mim para te conduzir, pois era bem mais fácil suportar teu peso sobre meus pés do que sobre o meu coração. 
No entanto, já consigo compreender como a vida é sábia. 
Percebo, finalmente, que em algum momento tu precisarias mesmo desbravar teus caminhos independente de mim. 
Como eu, é provável que tenhas que fazê-lo com mais alguns pés sobre os teus, os dos teus filhos. 
Claro que não é uma tarefa fácil. Mas se eu consegui, tu também conseguirás porque plantei em teu coração o melhor e mais poderoso aditivo para que suportes tanto peso: o amor. 
* * * 
Os filhos são, sem dúvida, um empréstimo Divino. 
Com eles aprendemos a lição maior do amor incondicional. Tornamos-nos habilidosos em corrigir nossos piores defeitos e multiplicar os melhores sentimentos. 
Se hoje eles estão ao nosso lado, façamos por eles o melhor que pudermos pois, com certeza, logo chegará o tempo em que eles não mais estarão tão próximos. 
Quando pequenos, toda a felicidade deles depende dos pais e é realmente doloroso o momento em que constatamos que haverá o tempo em que não mais precisaremos carregá-los e nem guiar os seus passos. 
Então preparemos o seu caminho. 
Através do amor, ofereçamos a eles toda a bagagem necessária para que possam seguir em frente com força e segurança. 
Que eles carreguem a certeza de que, mesmo estando fisicamente distantes, estaremos sempre ao seu lado. 

26/12/2011 Publicado por Euzinha

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